A traqueia é uma estrutura tubular encarregada de permitir o fluxo de ar desde o exterior até aos pulmões , e vice-versa, durante o processo de respiração . Os anéis constituídos por cartilagem ao longo da traqueia fornecem-lhe estrutura e mantêm a via aérea aberta.
Quando se produzem mudanças na cartilagem dos anéis da traqueia, origina-se o colapso traqueal, causando uma obstrução , inflamação, aumento da secreção de muco, congestão nas vias respiratórias e tosse nos cães.
Sintomas do colapso traqueal
Os cães com este problema costumam apresentar:
- Tosse seca
- Dispneia
- Cianose
- Espasmos/náuseas não produtivas ou vómito
- Síncope
- Maior sensibilidade traqueal
- Intolerância ao exercício físico
- Hepatomegalia
Estes sinais podem ser exacerbados por outros fatores como: obesidade, infeções respiratórias, cardiomegalia ou edema pulmonar. Os cães com esta doença apresentam dificuldade ao respirar estando em repouso, que piora quando estão excitados e após realizarem exercício físico.
Caso clínico de colapso traqueal com destruição dos sáculos laríngeos
Neste artigo iremos descrever-lhe a abordagem médica e cirúrgica de um paciente de raça Yorkshire Terrier de 13 anos de idade, com episódios de dispneia inspiratória , que acudiu ao Serviço de Urgências do Hospital Veterinário da Universidade Católica de Valência com esses mesmos episódios.
Anamnese e exploração física
A dificuldade respiratória começou de forma gradual há vários meses atrás, sendo que os sintomas pioraram devido ao facto de o animal se encontrar muito excitado nessa noite. Deve ter-se em conta que o cão está a receber tratamento com benazepril desde há vários anos.
O paciente apresenta-se prostrado, tem dispneia inspiratória severa com reforço abdominal, mucosas cianóticas e a boca aberta, suspeitando-se assim dos seguintes diagnósticos diferenciais:
- Colapso traqueal .
- Corpo estranho obstruindo vias respiratórias superiores.
- Neoplasia que obstrui as vias respiratórias superiores.
- Paralisia laríngea.
- Afeção pulmonar: edema pulmonar ou efusão pleural. Além disso, apresenta opacidade no cristalino compatível com cataratas maduras, alopecia bilateral não pruriginosa e doença periodontal severa.
Exames complementares
Além da anamnese e da exploração do animal foram necessárias outros exames diagnósticos como: radiografia do tórax, ecocardiografia , hemograma e bioquímica, eletrocardiograma, hemogasometria, broncoscopia e lavagem bronco-alveolar.
As provas revelaram colapso traqueal por destruição dos sáculos laríngeos, mais pronunciado no lado esquerdo. Os sáculoslaríngeos são duas cavidades revestidas de mucosa e situadas atrás da epiglote, e que separam as cordas vocais. Nas raças braquiocefálicas origina-se um aumento da resistência à passagem do ar e da pressão luminar infraglótica negativa. O aumento do esforço inspiratório irrita a mucosa dos sáculos, causando inflamação e edema , obstruindo a parte mais ventral da glote e dificultando a entrada de ar.
Técnica cirúrgica
Ventriculectomia .. Este procedimento pretende extirpar os sáculos laríngeos destruídos, aliviando a obstrução. Abordou-se a via oral com o cão em decúbito esternal . Nesta técnica, após se localizarem os sáculos laríngeos e de os agarrar com pinças, são extraídos e dissecados ao longo da sua base. O tecido dissecado é enviado para análise histopatológica .
Tratamento médico
- Salbutamol. Ventolin1. A cada 12 horas
- Fluticasona. Flixotide1. A cada 12 horas
- Nebulizador 1ml SSF em 5 minutos a cada 8 horas
- Teofilina. Theo Dur 100mg (15mg/Kg). ¼ comprimido em períodos de crise de dispneia (PO)
- S-Adenosylmethionina Hepatosyl plus. ½ cápsula PO a cada 24 horas.
- Ciprofloxacino Ratiopharm EFG comp. Revestido 250mg. ¼ comprimido/24 horas durante 1 mês.
- Substituir a coleira por um arnês
- Baixar e controlar o peso do animal









