Lagarta do pinheiro: diagnóstico precoce e sintomas nos cães

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Lagarta do pinheiro: diagnóstico precoce e sintomas nos cães

Os pêlos urticantes da processionária (ou lagarta do pinheiro) encontram-se sobre a zona do lombo e originam sintomas graves nos cães. Estes pêlos são libertados para o ar como mecanismo de defesa da lagarta.

Os pêlos urticantes da processionária (ou lagarta do pinheiro) encontram-se sobre a zona do lombo e originam sintomas graves nos cães. Estes pêlos são libertados para o ar como mecanismo de defesa da lagarta. Também permanecem em forma de restos nos ninhos, pelo que não é recomendável deixar que o cão se aproxime deles ou que os manipule. O contacto da processionária com a pele do cão desencadeia uma dermatite urticante de características tóxicas e irritantes na zona de contacto.

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A reação inflamatória prolonga-se devido à capacidade que os pêlos urticantes possuem de permanecer cravados na zona muco-cutânea. A localização, o tipo de contacto e a precocidade do tratamento estão relacionados com o prognóstico e as sequelas . A zona de contacto mais frequente é o focinho, zona onde (de acordo com a zona afetada) se irá desencadear glosite, queilite e/ou estomatite. As lesões iniciam-se sob a forma de erosão e progridem originando úlceras e necrose dos tecidos . Os pêlos urticantes transportados pelo ar podem ter contacto com a zona ocular e nasal, originando blefarite ou úlceras corneais e rinite aguda.

A sintomatologia que se observa após o contacto começa com nervosismo, tendência para tocar na boca com as patas, deglutições repetidas e hipersalivação. Irão surgir vómitos em caso de ingestão. Este processo evolui rapidamente para um angioedema, que pode chegar a impedir o encerramento da boca do animal, além de uma cianose lingual e rânula. Se o problema persistir, as manifestações clínicas progridem para uma afetação sistémica sob a forma de dispneia, edema da laringe, hipertermia, convulsões , podendo originar uma coagulação intravascular disseminada e, em último caso, a morte. As alterações produzidas pelo contacto direto dos pêlos urticantes reagem positivamente ao tratamento específico, e raramente estão associadas a outras complicações.

O diagnóstico precoce é importante para limitar as sequelas e baseia-se numa adequada anamnese do meio envolvente (deve-se considerar a época do ano, possíveis contactos com a processionária) para o diferenciar de um quadro de alergia aguda a outros agentes alergénios. Também se deve descartar a picada de insetos, o contacto ou ingestão de substâncias cáusticas e a eletrocussão por morder cabos.

O tratamento baseia-se na utilização de corticoides de ação rápida por via intravenosa ou intramuscular (dexametasona 1-4 mg/kg, metilprednisolona 8-15 mg/kg) associados a anti-histamínicos (difenhidramina 1-2 mg/kg). Também se podem administrar injeções locais de corticoides na língua (cuja dose será metade da dose sitémica) com sedação prévia do paciente. Em caso de anafilaxia indica-se a administração de epinefrina subcutânea (solução 1: 1000, 0,1-0,5 ml/animal) ou de adrenalina 0,01 mg/kg iv lenta ou endotraqueal (0,2 mg/kg) se o cão estiver entubado.

O tratamento agudo deverá ser acompanhado de: proteção gástrica e antibioticoterapia (metronidazol 20 mg/kg associado a enrofloxacina ou espiramicina 75000 UI/kg).

O cão terá alta após a sintomatologia estar controlada, e após se verificar que consegue ingerir alimentos sem ajuda (nalguns casos será necessário iniciar nutrição enteral ou parenteral até a inflamação da mucosa diminuir e as lesões serem tratadas). No domicílio, será necessário continuar com o tratamento antibiótico, a proteção gástrica e a terapia com corticoides (prednisona a 0,5-1 mg/kg/12-24h vo). Também se recomenda administrar uma dieta que ajude a reestabelecer a integridade da pele e a diminuir a inflamação, tal como a Advance Veterinary Diet Atopic Care

Deverá evitar-se que o cão esfregue a zona lesionada, dado que a fricção quebra os pêlos cravados, libertando mais toxinas. As lavagens da zona de contacto com água quente são indicadas, dado que o calor desativa a toxina; também se pode utilizar vinagre ou sabão.

A melhor medida de prevenção é evitar o contacto do cão com a lagarta processionária: evitar passeios por zonas de risco ( pinhais ou zonas adjacentes aos mesmos , já que podem ser transportadas pelo vento) entre os meses de fevereiro até abril , proceder à eliminação de ninhos nas árvores do nosso domicílio (devem ser queimadas e realizar-se uma desinfestação da praga) e avisar as autoridades competentes no caso de serem avistados indícios da praga em zonas de jardim ou bosque.

CR Microbiota
Josep Campmany

Josep Campmany

Nº colegiado COVB 1125

Licenciatura en Veterinaria (Universidad de Zaragoza) y Advanced Management Program. Marketing Management (ESADE, Barcelona)